Aquela mania de ter pé na vida
por Eduarda Rodrigues Monteiro
Um dia, Marlene cantou “Lata dágua na cabeça, lá vai Maria, sobe o morro e não se cansa, ..., Maria lava roupa lá no alto, lutando pelo pão de cada dia, sonhando com a vida no asfalto...”.
O tempo passou, milhões de Marias desceram o morro em busca de trabalho, outras subiram; morro e cidade se fundiram, se interligaram. Outro dia, Marlene perguntou: “Seria sonho ou realidade?”. Hoje, as mulheres enfrentam no cotidiano uma luta que não é mais inglória, apesar do acumulo de trabalho no lar e na rua, elas estão em tudo, por tudo e com tudo; confrontando o preconceito e a desigualdade de gênero, fizeram (e fazem) história, proporcionaram momentos sociais significativos, enfim, são sinônimos de resistência, de luta, de bravura no trabalho, na escola, na comunidade em que vivem, no país.
Ainda há muito a conquistar, muito asfalto para trilhar, mas estas barreiras também vêm sendo quebradas porque uma mulher, uma Maria, como diria Milton Nascimento: “... é um dom, uma certa magia que tem sonho, tem raça, tem graça, tem força e tem sonho, sempre... Uma mulher possui a estranha mania de ter pé na vida...”