
No RS, análise interanual evidencia base deprimida da tragédia
Em maio de 2025, conforme a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), do IBGE, o volume de vendas do setor de serviços no Brasil teve variação de 0,1% na série com ajuste sazonal. Na comparação com o mesmo período do ano passado, houve avanço de 3,6% décima quarta alta positiva consecutiva. Com o resultado de maio de 2025, no ano o setor registrou alta de 2,5% e, em 12 meses, aumento de 3,0%.
Entre as atividades, três dos cinco grupos pesquisados apresentaram crescimento na margem. O maior destaque foi para os Outros Serviços (1,5%), Serviços Profissionais, Administrativos e Complementares vieram em seguida, com alta de 0,9%, acumulando ganho de 2,2% desde janeiro. Os Serviços de Informação e Comunicação cresceram (0,4%), mantendo tendência positiva. Em sentido oposto, Transportes recuaram (-0,3%) e Serviços Prestados às Famílias registraram queda de 0,6%, marcando o segundo mês consecutivo de retração.
No caso do Rio Grande do Sul, houve queda de 1,2% no volume de vendas do setor na comparação com o mês imediatamente anterior na série com ajuste sazonal. Na comparação com maio de 2024, o volume de serviços foi 9,2% menor – esse resultado, porém, não pode ser considerado diretamente em função do setor de transportes, que compõe mais de 40% do índice para o RS. No contexto da tragédia de 2024, com a variação de mais de 350% dos preços dos pedágios em junho de 2024 (-86,2% em maio de 2024), o deflacionamento da receita do setor tem gerado um valor de volume de serviços viesado. Portanto, nesse caso é preferível analisar a receita do setor de transportes, que cresceu 40,6% ante maio de 2024; nos Serviços como um todo, a receita foi 23,3% maior que maio de 2024, mês ápice dos efeitos das enchentes. Para os demais setores a alta foi disseminada, com crescimento no volume de 26,6% nos Serviços Prestados às Famílias, 6,5% em Serviços Profissionais, Administrativos e Complementares, 6,4% em Serviços de Informação e Comunicação e 3,8% Outros Serviços.
No recorte específico que avalia as atividades turísticas conjuntamente, agregadas no IATUR (Índice de Atividades Turísticas), o resultado de maio para o RS teve queda de 1,8% na margem e aumento de 49,8% em relação a maio de 2024. Em 12 meses, a queda é de 8,1%. No Brasil, o IATUR teve variação de -0,7% na margem e aumento de 9,5% em relação maio de 2024. Em 12 meses, a alta é de 6,0%.
Para o Brasil, apesar do elevado patamar de atividade do setor, evidente pelo resultado interanual (3,6%), a PMS mostra desaceleração na ponta, com perda de ritmo condizente com o cenário de desaceleração gradual da atividade. Para o RS, o conjunto de dados para além do volume total de serviços – com interpretação prejudicada pela questão do deflacionamento em transportes, como temos comentado – indica um crescimento expressivo diante de uma base muito deprimida, uma vez que se dá sobre o ápice dos efeitos das enchentes que implicou paralização de parte expressiva do setor. Com o efeito prolongado da tragédia sobre os Serviços, a baixa base de junho de 2024 deve implicar novamente um descolamento interanual do setor na próxima leitura da pesquisa.