
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que acompanha a variação dos preços da cesta de consumo de famílias com renda mensal entre 1 e 5 salários-mínimos, registrou variação de 0,23% em junho de 2025. Este resultado é inferior ao observado em maio de 2025 (0,35%) e em junho de 2024 (0,25%). Com isso, a variação acumulada dos últimos 12 meses caiu para 5,18% e no ano fechou em 3,08%.
Entre os nove grupos analisados, quatro se destacaram no resultado do mês. Habitação (1,05%; 0,18 p.p.) apresentou a maior variação e impacto no índice geral, puxado pelo aumento nos preços da energia elétrica residencial (2,99%; 0,14 p.p.), devido a adoção da bandeira tarifária vermelha patamar 1. Em Transportes (0,28%; 0,05 p.p.), as principais pressões vieram dos serviços de transporte por aplicativo (13,28%; 0,02 p.p.) e dos consertos de automóveis (1,11%; 0,02 p.p.). O grupo de Vestuário também registrou avanço (0,74%; 0,04 p.p.), com aumentos disseminados entre os subitens. No sentido oposto, Alimentação e Bebidas recuou (-0,19%; -0,05 p.p.), influenciado pela queda em alimentação no domicílio (-0,39%; -0,08 p.p.), com destaque para as quedas nos preços do arroz (-3,22%; -0,03 p.p.), ovo de galinha (-5,91%; -0,02 p.p.) e frutas (-2,19%; -0,03 p.p.). Os demais grupos tiveram contribuições mais modestas, variando de 0,02 p.p. em Despesas Pessoais a -0,02 p.p. em Saúde e Cuidados Pessoais.
O resultado de junho (0,23%) veio ligeiramente abaixo da nossa projeção (0,26%), confirmando, em linhas gerais, as expectativas e os movimentos já antecipados. Apesar da diferença da estimativa ter sido negativa, a principal divergência ocorreu no grupo Transportes, cujo impacto (0,05 p.p.) superou a nossa estimativa (0,00 p.p.), em virtude dos combustíveis para veículos. Em junho, a Petrobrás anunciou uma redução no preço da gasolina nas refinarias, no entanto, esse repasse tem ocorrido de forma mais lenta e/ou parcial do que o previsto, contribuindo para o desvio observado em relação à projeção. Desta forma, no geral, os principais vetores do índice foram bem capturados. Para julho, a expectativa é de nova desaceleração do índice cheio, com destaque para Alimentação no Domicílio, que deve seguir com variações negativas, ajudando a conter a alta no índice cheio. Assim, nossa projeção para o INPC de julho é de 0,15%.
A Fecomércio-RS revisou também sua projeção para inflação ao final de 2025, medida pelo INPC, para 5,00%, diante da expectativa de uma queda mais acentuada do que a previamente antecipada nos preços dos alimentos nos próximos meses. Apesar da revisão para baixo, o cenário segue marcado por elevada incerteza. No caso da energia elétrica, o cenário base considera a aplicação da bandeira vermelha patamar 1 em julho e agosto, com retorno à bandeira verde — sem custo adicional — apenas em dezembro. No curto prazo, outros fatores também devem influenciar o índice, como a entrada em vigor do Bônus de Itaipu, que reduzirá temporariamente o preço da energia elétrica, e o aumento da mistura obrigatória de etanol na gasolina, que tende a aliviar os preços dos combustíveis. Ambos os efeitos, previstos para agosto, devem contribuir para a desaceleração da inflação naquele mês. No caso do Bônus de Itaipu, há uma contrapartida em setembro, quando a tarifa de energia deve voltar ao seu valor integral, com o fim do desconto pressionando para cima os preços de energia elétrica. Além disso, mesmo com a esperada desaceleração da atividade econômica no segundo semestre, as pressões sobre os preços de serviços devem persistir, sustentadas por um mercado de trabalho que segue resiliente. Por fim, embora o câmbio menos depreciado tenha favorecido as revisões mais recentes, o ambiente segue sujeito a novas pressões, especialmente diante da incerteza renovada com as recentes tarifas impostas pelos EUA ao Brasil. Reforçamos que continuamos monitorando atentamente esses e outros fatores de risco, com o compromisso de revisar e atualizar nossas projeções sempre que novos dados ou informações de alta frequência indicarem mudanças relevantes no cenário econômico.