
Você sabia que pacientes diabéticos requerem cuidados podológicos específicos devido à maior propensão a problemas como feridas, infecções e má cicatrização? A perda de sensibilidade e a má circulação nos pés tornam essencial o acompanhamento regular com um podólogo.
De acordo com a docente e coordenadora do curso de podologia do Senac Saúde, Fernanda Nobre, os cuidados podológicos são essenciais na rotina de pacientes diabéticos, pois a doença pode comprometer tanto a circulação sanguínea quanto a sensibilidade nos membros, o que torna essas regiões especialmente vulneráveis a infecções e complicações graves. “Sem o acompanhamento especializado, problemas como neuropatia periférica, que reduz a sensibilidade e impede o paciente de perceber pequenas feridas, podem passar despercebidos e evoluir para quadros mais graves”, afirma.
Além disso, a má circulação dificulta a cicatrização, aumenta o risco de infecções persistentes e, em casos extremos, o desenvolvimento do chamado pé diabético, que pode levar à formação de úlceras profundas e até à amputação. O acompanhamento podológico adequado permite a detecção precoce de alterações, promovendo a saúde dos pés de forma contínua.
Entre os cuidados fundamentais, estão:
- Avaliação cuidadosa da integridade da pele;
- Observação de calosidades, rachaduras, alterações de coloração e temperatura;
- Verificação da presença de deformidades estruturais.
O podólogo também deve estar atento a sinais de alerta que indicam a necessidade de encaminhamento para avaliação por outros profissionais da saúde. Entre eles, destacam-se:
- Feridas que não cicatrizam, presença de secreção, mau odor, dor persistente ou outros sinais de infecção;
- Alterações na coloração da pele, inchaço, ou áreas com temperatura alterada (muito frias ou muito quentes), que podem indicar problemas circulatórios;
- Perda significativa de sensibilidade, formigamento frequente ou sensação de dormência, sintomas clássicos de neuropatia avançada;
- Deformidades nos pés, como dedos em garra, joanetes ou calosidades recorrentes, que aumentam o risco de lesões por pressão.
É fundamental que o profissional reforce com os pacientes diabéticos orientações que ajudem a prevenir tais complicações. “A inspeção diária dos pés deve ser incentivada, com atenção a sinais como bolhas, feridas, rachaduras ou alterações na pele. A higiene também é essencial: os pés devem ser lavados com água morna e sabão neutro, sendo secos — especialmente entre os dedos — para evitar o acúmulo de umidade. A hidratação da pele ajuda a prevenir o ressecamento e o surgimento de fissuras, mas é importante evitar a aplicação de cremes entre os dedos”.
Fernanda finaliza ressaltando que o paciente também deve ser alertado sobre os riscos de andar descalço, mesmo dentro de casa, e sobre o uso de instrumentos cortantes para tratar unhas ou calos. “O uso de calçados fechados, confortáveis, sem costuras internas e com bom ajuste também deve ser incentivado, assim como a busca por atendimento imediato diante de qualquer alteração nos pés” conclui.
O acompanhamento podológico especializado é essencial para a promoção da saúde e prevenção de complicações nos pés de pacientes diabéticos. A atuação cuidadosa do profissional, aliada à educação contínua do paciente sobre práticas seguras no dia a dia, contribui para a qualidade de vida e a prevenção de quadros graves, como o pé diabético.