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Liderança e propósito: como a geração Z está transformando o perfil de liderança corporativa
Matheus VecchioJornalista, graduado em marketing e docente do Senac Tech.
16/05/25

A Geração Z chegou ao mercado de trabalho com uma visão de liderança que rompe com os modelos tradicionais. Formados em um contexto de mudanças rápidas, conectados com temas de sustentabilidade, inclusão e impacto social, esses jovens trazem uma perspectiva de carreira e liderança baseada em valores e propósito. No entanto, para muitos executivos, eles ainda parecem “inconstantes” e “descompromissados” — uma leitura que, na maioria das vezes, desconsidera suas reais motivações.

O que caracteriza a Gen Z (abreviação utilizada para caracterizar os membros desse arco geracional) é a busca por alinhamento entre os valores pessoais e os objetivos corporativos. Essa geração não busca apenas um cargo, mas uma oportunidade de criar impacto positivo. Empresas que buscam entender e reter esses jovens talentos precisarão repensar práticas e investir em propósitos claros que façam sentido para essa nova geração.


Uma geração rotulada como “descompromissada” — mas comprometida com o propósito

No varejo e em setores de alta rotatividade, a Geração Z frequentemente carrega o rótulo de “descompromissada”. Muitos profissionais dessa faixa etária transitam entre empregos e mudam de empresa com frequência, o que gera a percepção de que não têm um compromisso de longo prazo. Mas, segundo estudos da McKinsey, essa leitura não captura o verdadeiro foco desses jovens: 70% afirmam que permanecem em uma posição apenas quando têm espaço para aprendizado e desenvolvimento pessoal, e, para 80% dos entrevistados, a escolha do empregador está ligada a valores de responsabilidade social.

Ao mesmo tempo, a Harvard Business Review aponta que a Geração Z busca empresas que proporcionem impacto positivo. Na prática, isso significa que, em vez de “descompromissados”, esses jovens estão redefinindo o compromisso com uma nova visão: eles querem trabalhar onde exista transparência, ética e oportunidade de desenvolvimento.


Liderança na visão da geração Z: propósito, autenticidade e inclusão

Para a Geração Z, liderança vai além de hierarquia e controle. Dados da McKinsey indicam que 62% dos jovens dessa geração preferem líderes que atuem como mentores. Eles esperam que seus líderes os inspirem e criem um ambiente de aprendizado e colaboração.

No varejo, esse perfil de liderança já provoca mudanças. Os líderes da Geração Z tendem a focar em objetivos de longo prazo e em estratégias que envolvam os funcionários de forma inclusiva e ética. Eles pretendem transformar a experiência de trabalho, fazendo com que o ambiente seja não só produtivo, mas também representativo e socialmente consciente.


Reavaliando o mercado de trabalho para a geração Z

A presença da Geração Z no mercado exige que as empresas reavaliem o que significa “liderança” e “compromisso”. Com o objetivo de atrair e reter esses jovens, as empresas precisam ir além das práticas tradicionais e adotar uma postura mais alinhada aos valores de impacto social e desenvolvimento pessoal. A McKinsey aponta que 78% dos jovens da Gen Z esperam que as empresas invistam na capacitação e crescimento de seus colaboradores.

Eles não veem o sucesso apenas como resultados financeiros, mas como uma construção de longo prazo, onde todos os envolvidos se beneficiam — da equipe à comunidade em que a empresa atua.


O futuro da liderança na mão da geração Z

À medida que a Geração Z assume posições de liderança, o mercado testemunhará um movimento em direção a estruturas mais colaborativas e com foco em propósito. Essa geração, ao contrário de simplesmente replicar modelos antigos, busca redesenhar o ambiente de trabalho para torná-lo mais alinhado com questões sociais, ambientais e éticas. Para eles, ser líder não é apenas sobre alcançar metas de curto prazo, mas sobre construir um legado que ressoe com os desafios e valores do mundo atual.

Ao olhar para o futuro, a Gen Z vê a liderança como um papel de transformação e influência positiva. Eles desejam construir empresas onde a diversidade e o bem-estar sejam partes centrais da cultura organizacional, criando um espaço no qual todos se sintam engajados e representados. Esses futuros líderes não têm medo de questionar normas, inovar processos e buscar soluções que impactem positivamente a sociedade.

Ao desafiar as normas atuais, os nascidos entre 1996 a 2010, não apenas mudam o mercado, mas também deixam um recado claro: o futuro da liderança será guiado por propósitos — e a mudança que eles buscam será a principal bússola que definirá o novo perfil de liderança corporativa.