Durante o ano, existem duas datas que são extremamente relevantes para a área de Segurança do Trabalho. Uma é celebrada no dia 27 de novembro, Dia do Engenheiro e do Técnico em Segurança no Trabalho. Já a outra data é celebrada em 28 de abril em alusão ao Dia Mundial da Segurança e da Saúde no Trabalho. Data que faz referência ao acidente que ocorreu no dia 28 de abril de 1969, uma explosão em uma mina no estado norte americano da Virginia matou 78 mineiros e, só em 2003, 34 anos após este terrível acidente, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) instituiu esse dia como o Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho, em memória às vítimas de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho.
A data é uma estratégia para todos lembrarem da importância dos cuidados à vida humana e, falando de Brasil, enalteço a relevância do trabalho que é desenvolvido pela FUNDACENTRO (Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho. Fundação Pública do Governo do Brasil vinculada ao Ministério do Trabalho e Emprego), que tem por objetivo elaborar estudos e pesquisas sobre as questões de segurança, higiene, meio ambiente e medicina do trabalho no nosso país.
A relevância do papel da FUNDACENTRO está no desenvolvimento de pesquisas e os estudos com foco na segurança e saúde no trabalho, incluindo avaliação de riscos, ergonomia, toxicologia, saúde mental, entre outros. Essas ações fornecem embasamento técnico-científico para a elaboração de políticas públicas, normas regulamentadoras e iniciativas de prevenção de acidentes e doenças ocupacionais.
Apesar de estarmos no século XXI, muitas empresas permaneceram numa cultura reativa, olhando para o Brasil na década de 70, assim como colaboradores com comportamentos resistentes à segurança individual e coletiva.
Empresas reativas são empresas que ainda exercem suas funções num paradigma com foco em normas, dando ênfase aos equipamentos e aos processos. Mesmo não considerando como ideal, outras empresas percorrem um caminho de prevenção, onde o seu paradigma preventivo tem o foco nos programas de qualidade, que se popularizou no país na década de 80. A ideia aqui é "zero acidentes", uma utopia já que a ênfase está nos programas e processos e não no trabalhador.
Empresas e trabalhadores precisam seguir uma orientação de proatividade e criatividade, pois dessa forma se constrói outro paradigma: cultura sustentável e de comportamento seguro. O foco está na mudança de atitudes e comportamento de todos, um olhar para o planeta, para o entorno, para as pessoas. Estamos buscando construir um ambiente social e economicamente sustentável.
Avançamos tanto em tecnologia, o que permite trazer mais segurança de forma coletiva para máquinas e equipamentos, mas o ser humano não evoluiu nessa mesma velocidade quando olhamos para suas atitudes comportamentais.
Não é possível criar um ambiente de "zero acidentes", mas é possível criar uma Cultura de Comportamento Seguro com 99,9% de assertividade. Quando conseguirmos trilhar esse novo modelo de ação proativa e criativa, talvez possamos minimizar o que Frank Bird conclui com sua pesquisa, por meio da Pirâmide de Bird: para 1 acidente grave antecederam 600 incidentes. Incidentes, que na sua maioria, ocorreram por ausência de comportamento seguro.