O útero é o principal órgão do sistema reprodutor feminino. Ele é formado por três camadas: endométrio, miométrio e perimétrio. Sendo o endométrio a camada mais interna do útero, que tem como principal função prepará-lo para que este seja o local ideal para a implantação do embrião, ou seja, é o que chamamos de “casinha/forninho” do bebê.
Quando a mulher não engravida, células das paredes do endométrio descamam e são expelidas pelo canal vaginal, por meio da menstruação. Dito isso, fica mais fácil compreender que endometriose é uma modificação no funcionamento do organismo, no qual células do endométrio, que deveriam ser expelidas, migram no sentido oposto e caem nos ovários ou na cavidade abdominal.
Estudos apontam que a formação e o desenvolvimento de focos ectópicos de endometriose podem ter a contribuição da combinação de fatores genéticos, hormonais e imunológicos. Entretanto, a teoria mais aceita é a Teoria da Menstruação Retrógrada, descrita por Sampsom, em 1927.Segundo a teoria proposta por este autor, essa condição se deve ao refluxo do tecido endometrial, que ocorre no momento da menstruação, pelas tubas uterinas, com posterior implantação e aumento do peritônio (membrana que reveste a camada abdominal) e ovários.
As principais dificuldades encontradas pela mulher portadora de endometriose são as dores incapacitantes, o grande fluxo menstrual e a presença de infertilidade, além da demora e alto custo de exames diagnósticos. Em relação ao diagnóstico, existem grandes empecilhos a serem enfrentados, já que as diferentes manifestações clínicas podem ser confundidas com as de outras doenças.
O padrão ouro para diagnosticar endometriose é a laparoscopia, por ser mais assertiva e permitir dimensionar e analisar a posição correta dos focos de endometriose. Embora a ultrassonografia transvaginal e a ressonância magnética da pelve, que podem mostrar locais da doença avançada, sejam solicitadas pelos médicos, não existe um método diagnóstico específico para a detecção de endometriose.
O tratamento visa aliviar os sintomas como a dor e o sangramento. Anticoncepcionais e analgésicos costumam ser prescritos pelos médicos, visto que o primeiro evita a ovulação e impede a inflamação do tecido endometrial que está crescendo fora do útero, e o segundo tem por objetivo aliviar as fortes dores. Esse tratamento é recomendado para mulheres que não estejam pensando em engravidar. Para as mulheres que pretendem ser mães, costuma-se prescrever analgésicos e anti-inflamatórios.
A cirurgia é indicada quando o tratamento medicamentoso não é eficaz ou quando os sintomas são muito intensos e interferem diretamente na qualidade de vida da mulher, ou seja, a cirurgia é indicada quando há crescimento exagerado do tecido endometrial fora do útero, dores muito intensas ou problemas de fertilidade.
É preciso orientar meninas e mulheres em relação a saúde menstrual e trabalhar a ideia de que, por mais que seja cultural, não é normal sangrar em demasia, sentir dores fortíssimas e sintomas exacerbados, como cefaleia intensa, edema generalizado, náuseas, vômitos e quaisquer outros sintomas que incapacitem a mulher de realizar suas atividades do cotidiano.
É importante realizar acompanhamento com um ginecologista e realizar exames de rotina. A prevenção é a melhor solução. Previna-se, cuide-se!
