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A relação entre a saúde mental e uma alimentação saudável
Maria Emilia BuenoProfessora Senac Rio Grande
25/01/24
Educacional

A interconexão entre o trato gastrointestinal e o cérebro é uma teia complexa e fascinante que vai muito além do simples processamento de alimentos. Conhecida como o eixo intestino-cérebro, essa interconexão revela-se como um elemento essencial para a saúde, influenciando não apenas a digestão, mas também a saúde mental (Christofoletti et al., 2022).

O intestino, frequentemente chamado de "segundo cérebro", abriga um vasto ecossistema de trilhões de microrganismos conhecido como microbiota intestinal. Essa comunidade microbiana não é apenas responsável pela digestão, mas desempenha um papel crucial na regulação do humor, comportamento e função cognitiva. A comunicação bidirecional entre o intestino e o cérebro, ocorre por meio de sinais bioquímicos complexos e do nervo vago, destacando uma interdependência fundamental (Perlmutter, 2013).

Desta forma, a maneira como as pessoas se alimentam podem ter impactos significativos na qualidade de vida tanto física quanto psicológica do ser humano. Enquanto os avanços científicos esclarecem cada vez mais o papel da nutrição na função cerebral, emergem vínculos essenciais entre o que colocamos em nossos pratos e como nos sentimos emocionalmente. Neste ensaio será explorado a interconexão entre a saúde mental e a alimentação, examinando como escolhas alimentares sábias podem ser uma ferramenta valiosa na promoção de uma mente equilibrada.

Um alicerce sólido para entender essa relação repousa sobre a premissa de que o cérebro é um órgão metabolicamente ativo, demandando nutrientes específicos para funcionar otimamente. Alguns deles, como por exemplo, vitaminas, minerais, ácidos graxos e ômega- 3 são componentes cruciais que influenciam diretamente a saúde mental (Perlmutter, 2013). A deficiência desses elementos, pode desencadear desequilíbrios neuroquímicos, afetando a regulação do humor e a cognição (Perlmutter, 2013).

A abordagem de uma dieta equilibrada, embasada em alimentos variados e ricos em nutrientes como frutas, legumes,  vegetais e  carnes brancas, compõem uma sinfonia de ingredientes que não apenas nutrem o corpo, mas também fornecem os alicerces para um cérebro saudável. Pesquisas indicam que comunidades que adotam tais padrões alimentares apresentam menor incidência de transtornos mentais, sugerindo que a dieta pode ser uma forma de prevenção e manutenção da saúde mental (Barbara et. al., 2024; Rodrigues, Moreira, 2024).

Contrastando com a virtude da alimentação saudável, o consumo excessivo de açucares e alimentos processados emerge como um vilão para a saúde mental. Estas escolhas alimentares podem desencadear flutuações nos níveis de glicose no sangue, contribuindo para a instabilidade emocional e a fadiga. A consciência dos impactos do açúcar no humor destaca a necessidade de uma abordagem equilibrada para a ingestão de alimentos.

A cafeína, amplamente consumida por suas propriedades estimulantes, é outra peça do quebra-cabeça que merece atenção. Embora o café possa oferecer um impulso momentâneo, o consumo excessivo pode desencadear ansiedade e perturbar o sono, fatores cruciais na manutenção da saúde mental. O equilíbrio na ingestão de cafeína torna-se crucial para preservar uma mente tranquila e alerta.

Além dos aspectos nutricionais, os hábitos alimentares desempenham um papel vital na saúde mental. Estabelecer rotinas regulares, evitar pular refeições e cultivar uma relação equilibrada com a comida são elementos fundamentais para que exista um equilíbrio entre corpo e mente. Comer conscientemente, prestando atenção nos sinais de fome e saciedade, pode contribuir para uma abordagem mais equilibrada em relação à alimentação.

A relação emocional com a comida também não pode ser subestimada. Muitas vezes, as emoções desempenham um papel significativo nas escolhas alimentares, levando ao que se chama de “comer emocional”. Reconhecer e abordar esses padrões é crucial para estabelecer uma relação saudável com a comida e promover o equilíbrio emocional.

Em síntese, a complexa rede que une saúde mental e alimentação saudável destaca a importância de uma abordagem holística para o bem-estar. A escolha de nutrientes, a atenção aos padrões alimentares e a consciência da interconexão entre intestino e cérebro revelam-se elementos cruciais. Numa sociedade onde a atenção à saúde mental está em ascensão, a conscientização sobre a influência da alimentação proporciona uma ferramenta empoderadora para indivíduos buscarem equilíbrio a fim de manter uma qualidade de vida saudável.

 

Referências

Perlmutter, David. Grain Brain : The Surprising Truth about Wheat, Carbs, and Sugar — Your Brain’s Silent Killers. São Paulo: ed Schwarcz S.A., 2013.

Christofoletti, Giulia Stephanie Fernandes,  et. al. Intestinal microbioma and interconnection with neurotransmitters associated with anxiety and depression.  Brazilian Journal of Health Review,Curitiba, v.5, n.1, p.3382-3408 jan./fev. 2022.

BarbaraL. X. S.; GamaC. C. de C.; FloresA. L. R.; OliveiraB. M. D.; AbreuG. E. O.; SilvaI. von K. de A. e; BatalhaL. H. e M.; PantuzzaM. F.; AbreuM. E. M. de; AlvarengaJ. C. de. Principais fatores de risco modificáveis para a demência de Alzheimer. Revista Eletrônica Acervo Saúde, v. 24, n. 1, p. e14785, 8 jan. 2024.

Bentes de Araújo Rodrigues,J. GeCândido Moreira,MR.(2024). Análise do perfil lipídico, glicêmico e alimentar dos agentes comunitários de saúde após uma intervenção de promoção    ao    autocuidado. Población    y    Salud    en    Mesoamérica,    21(2).https://doi.org/10.15517/psm.v21i2.55400